quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Um dia construirei um castelo (Fernando Pessoa)


Posso ter defeitos, viver ansiosoe ficar irritado algumas vezes mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.É ter coragem para ouvir um "não".É ter segurança para receber umacrítica, mesmo que injusta.Pedras no caminho?Guardo todas, um dia vou construirum castelo…

Não sei quantas almas tenho.. (Fernando Pessoa)

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo :
"Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu.

Clarice Lispector





Eu adoro voar (Clarice Lispector)

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo.
Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram...
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Poema da Saudade (Martha Medeiros)

“Em alguma outra vida,devemos ter feito algo muito grave,para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta doí.
Bater o queixo no chão doí.
Doí morder a língua,cólica doí, doí torcer o tornozelo.
Doí bater a cabeça na quina da mesa,carie doí,pedras nos rins também doí.
Mas o que mais doí é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira de infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade de nós mesmo,o tempo não perdoá.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se Ama.
Saudade da pele,do cheiro,dos beijos.
Saudade da presença,e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto,sem se verem,mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele para a trabalho,mas sabiam-se onde.
Você podia ficar sem vê-lo,e ele sem vê-la,mas sabiam-se amanhã.
Contudo,quando o Amor de um acaba,ou torna-se menor no outro.
Sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber se ele continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Se aprendeu a entrar na internet,se aprendeu a ter calma no trânsito.
Se continua preferindo cerveja a uísque(e qual a cerveja).
Se continua sorrindo com aqueles olhos apertados,e que sorriso lindo.
Será que ele continua cantando aquelas mesmas musicas tão bem(ao menos eu admirava)?
Será que ele continua fumando e se continua adorando Mac Donald's?
Será que ele continua não amando os livros,e ela cada vez mais?
E continua não gostando de dar longas caminhadas,e ela não assistindo televisão?
Será que ele continua gostando de filmes de ação,e ela de chorar em comédias.
Será que ela continua lendo os livros que já leu?
Será que ele continua tossindo cada vez que fuma?
Saber é não saber mesmo!!!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais longos,não saber como encontrartarefas que lhe cessem o pensamento.
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ele está com outra,e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro,se ele está mais belo.
Saudade é nunca mais saber de quem se Ama e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti(e sinto) enquanto estive escrevendo e o que você (deveria)provavelmente estar sentido agora depois que acabou de ler.
”Quem inventou a distância nunca sofreu a dor de uma saudade!!!

Era da Correria (George Carlin)

Para quem não conhece, George Carlin é um americano que usou de sua expêriencia de vida para escrever textos ousados, com uma grande dose de irônia e verdade.
O comediante, escritor e ator fez grande sucesso no mundo, por se apresentar de forma parecida ao StandUp comedy, abordando temas que muitos não tem coragem de abordar.
George Carlin faleceu em 22 de junho de 2008, aos 71 anos.
Em vida deixou inúmeros textos e fez várias apresentações.

Era da Correria - (George Carlin)
Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver.
Adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno;
lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre.
Lembre-se sempre de dizer "Eu te amo" àqueles que você quer bem.
Por isso, valorize sua família e as pessoas que estão ao seu lado.

Você já se olhou no espelho hoje????

Você já se olhou no espelho hoje?
Não estou falando do espelho em que você se olha com a maior cara amassada do mundo enquanto escova os dentes de manhã.
É de outro espelho que eu estou falando.

Quem é você?
Quais são suas verdades, seus princípios, seus orgulhos, seus medos, suas raivas, suas ternuras, suas piadas?
As pessoas conhecem você?
Não o você que se posiciona na frente do espelho de manhã para escovar os dentes, passar o rímel (para as calcinhas) ou só escovar os dentes mesmo (para os cuecas).

Esse você é você a olho nu.
Esse você, você deixa ser revelado.
Esse você, todo mundo pode conhecer.
Porque é simples: de certo modo, você faz escolhas que não são passíveis de ser, digamos, escondidas.
A calça que usa, se é de marca ou não, o tênis, o corte de cabelo, se usa batom, gloss, rímel e blush, somente um desses itens ou nenhum deles (para as minas-pá) se bota gel no cabelo ou não, se usa topete, moicano, dread, se é careca (para os manos-pô).
Tudo isso diz alguma coisa sobre você, sobre seu estilo, sobre como você quer ser visto ou vista pelas pessoas com quem convive.
E é tudo muito natural.
Ninguém se sente ofendido por você gostar de usar blusa roxa ou por pintar as unhas de amarelo.
Você escolheu. Você ponderou. Você!
Entre tantas outras opções, você escolheu a mais adequada para VOCÊ.

As pessoas podem comentar algumas das suas “esquisitices” (entre aspas porque eu sou do lema do seja esquisito!), mas ninguém vai ficar magoado com você por essas escolhas superficiais mas importantes do dia a dia.
Porque a escolha é sua e ela merece ser respeitada, e você tem o direito de ser quem você é. De se posicionar.

Mas eu quero falar sobre um outro tipo de posicionamento.
Um posicionamento que vai além das roupas, do estilo, da aparência.
Um posicionamento mais sutil, que, contraditório, causa tanta agressividade nas pessoas.
O posicionamento das ideias, do subjetivo, de caráter, princípios e verdades individuais.
Aquele que o espelho comum não pode nem nunca poderá refletir.

Hoje em dia, nós temos a possibilidade de espalhar nossos posicionamentos para além do nosso círculo físico de amizade.
O Twitter está aí para provar.
Os blogs estão aí para provar.
E agora os vlogs. As mídias sociais são alimentadas por posicionamentos.
De marcas e principalmente de pessoas.
O conteúdo que rola nas mídias sociais é o espelho que reflete aquilo que o espelho do seu banheiro não pode refletir.
Obviamente este conteúdo não revela tudo, mas pode revelar boa parte da nossa autoimagem e da imagem que queremos que tenham de nós.

Tem gente que escolhe não se posicionar.
Não se posicionar garante passeio livre por todos os tipos de público, é fácil, não cansa, não causa atrito. Quem não se posiciona ideologicamente, não quer se olhar no espelho, porque tem medo de ser julgado.
Manter-se neutro, se é que existe neutralidade, não demanda trabalho, energia mental e emocional. O que é diferente de ter um pensamento dialético (ponderar prós e contras, botar tudo num liquidificador e se posicionar de maneira não-binária).
Mas não se posicionar também não causa troca e tampouco permite aprendizados.
Além do mais, pode ser perigoso.
Falta de posicionamento me dá a impressão de descompromisso e apatia.
Falta de paixão e envolvimento com alguma coisa.
Quem não se posiciona, geralmente adora criticar quem se posiciona.
Ironicamente, acaba tomando um posicionamento.
E quer saber? Ponto pra quem causou esse posicionamento repentino.
Ponto pra quem causou alguma coisa em quem tava lá, lendo sua timelinezinha, um blog ou assistindo a um vlog em estado letárgico.
Acordar pessoas é sempre legal, mesmo quando você as acorda pra dar um sono no meio da sua cara.
Se posicionar é difícil. É dar a cara a tapa. E que tapa!
Quem se posiciona corre o risco de ser criticado, mal interpretado. As pessoas costumam confundir assertividade com arrogância.

Vide Felipe Neto.
Quem é que entende que ele incorpora um personagem arrogante, irônico e agressivo para dar as próprias opinões?Ele chama na chincha, joga a merda no ventilador.
Resultado? Assim ó, de gente criticando o que o Felipe Neto faz, sem primeiro fazer o mínimo esforço para entender a proposta dele.
As críticas são importantes quando fundamentadas.
Mas me incomodam muito quando elas só rolam porque, na cabeça da maioria, gente que se sente livre pra falar o que pensa, ofende. Não tanto pelas opiniões emitidas quanto pelo sentimento de liberdade e coragem com que a pessoa emitiu.
Parece que não temos o direito de pensar de tal ou tal forma tanto quanto temos o direito de vestir tal ou tal roupa.
Mas se pensarmos bem, enfrentar as críticas é o de menos. Porque quando uma pessoa se posiciona, ela ganha aliados também. Não para um combate lógico e racional, não para defender com unhas e dentes o posicionamento que os uniu. Mas para a vida.
Quem se posiciona encontra pessoas valiosas, que não teria encontrado caso preferisse a neutralidade.
Eu não acredito na neutralidade, não existe discurso neutro.
Acredito na dialética, na ponderação de prós e contras.

A neutralidade soa para mim como falsidade ou omissão.
Já o posicionamento honesto nunca será impune.
E a honestidade não é bonitinha, meiguinha, carinhosinha, fofinha.
Ela só é cute quando assim ela deve ser, e ponto.
A honestidade, meu amigo, às vezes é irônica. Às vezes é arrogante. Às vezes é chata.
A honestidade às vezes é engraçada.
A honestidade às vezes é depressiva.
A honestidade é um monte de coisa, brodá.
Só tem uma coisa que a honestidade não é: omissa.

Portanto, antes de criticar ou se sentir ofendido com o posicionamento alheio, tenho só uma perguntinha pra fazer pra você.
E aí, você já se olhou no espelho hoje?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

NEOQEAV



Meus avós já estavam casados há mais de 50 anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.

A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra "Neoqeav" num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.

Eles se revezavam deixando "Neoqeav" escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.

Eles escreviam "Neoqeav" com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.

"Neoqeav" era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho. Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar "Neoqeav" na última folha e enrolou tudo de novo.

Não havia limites para onde "Neoqeav" pudesse surgir. Pedacinhos de papel com "Neoqeav" rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros. "Neoqeav" era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira.

Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro.

Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós. Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso. Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos. Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.

Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes. Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair. O câncer agora estava de novo atacando seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa.

Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa.

Então, o que todos nós temíamos aconteceu. Vovó partiu. "Neoqeav"foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó. Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez. Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela. Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser. Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava.

Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando:

"Mas o que Neoqeav significa?"

Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você = "NEOQEAV"

(desconheço o autor)